Investigação aponta falsa gravidez como possível motivação para assassinato de Ana Beatriz
A Polícia Civil de Alagoas confirmou, em entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira (5), que uma falsa gravidez pode ter motivado a trágica morte de Ana Beatriz Moura, adolescente de 15 anos encontrada em uma fossa no bairro Jacarecica, em Maceió. Exames conduzidos pela Polícia Científica descartaram qualquer indício de gestação.
A delegada Talita Aquino, responsável pela investigação, afirmou que Ana Beatriz mantinha um relacionamento com o principal suspeito do crime, um homem de 43 anos, casado e pai de três filhos, atualmente preso desde o dia 12 de abril. Segundo ela, há indícios de que a jovem teria anunciado a gravidez ao suspeito, o que pode ter desencadeado uma reação violenta.
“Acreditamos que a vítima pode ter simulado uma gravidez e, ao contar ao suspeito, ele pode ter se desesperado e ter dado fim à vida dela”, afirmou Aquino.
Identificação oficial do corpo ainda está em andamento
Embora a polícia tenha indicado no sábado (3) que o corpo encontrado era o de Ana Beatriz, a confirmação científica ainda está em processo. A perita-geral Rosana Coutinho afirmou que os peritos farão a identificação por meio da arcada dentária ou, se necessário, por exame de DNA. O corpo estava em estado de saponificação, causado pela umidade do local.
Exames buscam determinar causa da morte
A perícia ainda não determinou a causa oficial da morte. O corpo não apresentava ferimentos por armas de fogo ou armas brancas. Os peritos coletaram amostras do conteúdo estomacal para verificar se houve envenenamento ou asfixia. A polícia descartou a hipótese de cativeiro, pois apurou que o suspeito passou a noite em casa, sem indícios de planejamento logístico para manter a jovem presa.
A polícia investiga a possível participação de terceiros.
Apesar de o homem preso ser o principal suspeito, a delegada não descarta o envolvimento de uma segunda pessoa, especialmente na ocultação do cadáver. A equipe de investigação encontrou o corpo em um local de difícil acesso e coberto com cimento. A polícia também apura o papel da esposa do suspeito, embora até o momento não haja elementos que a incriminem.
“Ela pode estar apenas com medo. O fato de ter deixado a casa não a torna automaticamente suspeita”, disse a delegada.
Relacionamento, conflitos e movimentações financeiras
Segundo a advogada da família, Júlia Nunes, Ana Beatriz tinha um histórico de conflitos com a esposa do suspeito. Além disso, os investigadores identificaram movimentações financeiras na conta da adolescente que somam mais de R$ 1 mil em apenas 30 dias, valor considerado elevado para uma jovem sem fonte de renda. A polícia já solicitou a quebra de sigilo bancário e telefônico do suspeito, da esposa e da vítima.
Linha do tempo do caso Ana Beatriz: o que se sabe até agora
- 8 de abril: Ana Beatriz foi vista pela última vez ao sair mais cedo do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), no Centro de Maceió. Em seguida, foi de mototáxi até o bairro Garça Torta.
- 12 de abril: Homem de 43 anos, conhecido da família e ex-patrão de Ana Beatriz, é preso.
- 3 de maio: Corpo de jovem é encontrado em fossa de chácara abandonada. Polícia suspeita que seja Ana Beatriz.
- 5 de maio: Delegada confirma suspeita de falsa gravidez e destaca que crime pode ter sido premeditado.
A investigação segue em andamento, com novas provas sendo analisadas nos próximos dias. A polícia afirma ter elementos suficientes para pedir a prisão preventiva do principal suspeito.