A economia em jogo com a redução da jornada de trabalho no Brasil A proposta estabelece uma transição: a carga horária seria reduzida inicialmente para 40 horas, com uma diminuição de uma hora por ano até chegar às 36 horas semanais.

Estudo da Fiemg aponta riscos econômicos com redução da jornada de trabalho
A proposta de reduzir a jornada semanal de trabalho para 40 horas, eliminando o regime de escala 6×1, atualmente em debate no Congresso Nacional, pode gerar impactos econômicos relevantes no Brasil. É o que aponta um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Segundo o levantamento, caso a medida seja implementada sem ganhos correspondentes de produtividade, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro poderia sofrer uma retração de até 16%, o que representa cerca de R$ 2,9 trilhões.
Além da queda no PIB, a Fiemg projeta a possível eliminação de até 18 milhões de empregos, além de uma redução de R$ 480 bilhões na massa salarial — o que impactaria diretamente o consumo, os investimentos e a arrecadação de tributos.
Mesmo em um cenário mais otimista, com um aumento hipotético de 1% na produtividade, os efeitos ainda seriam expressivos: aproximadamente 16 milhões de empregos perdidos e uma redução de R$ 428 bilhões na renda dos trabalhadores.
Redução da jornada compromete produtividade
A análise destaca que, sem avanços significativos em automação ou eficiência produtiva, a diminuição das horas de trabalho tende a resultar em menor produção. Isso ocorre porque menos horas trabalhadas representam, em termos práticos, menos bens e serviços gerados.
Embora a proposta possa parecer atraente por prometer mais tempo livre e melhor qualidade de vida, a Fiemg avalia que ela está dissociada da realidade econômica atual do país. A entidade alerta que, sem um aumento consistente na produtividade, a competitividade das empresas pode ser afetada, assim como a sustentabilidade do mercado de trabalho.
O estudo funciona como um alerta para os formuladores de políticas públicas, reforçando a importância de se avaliar com cautela os impactos de mudanças na legislação trabalhista — especialmente em uma economia de renda média como a brasileira.
Propostas avançam também no Senado
A discussão sobre a redução da jornada de trabalho não está restrita à Câmara dos Deputados. No Senado Federal, tramita desde 2015 uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), que prevê a redução gradual da jornada semanal de 44 para 36 horas.
A proposta estabelece uma transição: a carga horária seria reduzida inicialmente para 40 horas, com uma diminuição de uma hora por ano até chegar às 36 horas semanais.
Esse projeto difere da proposta apresentada na Câmara pela deputada Erika Hilton (Psol-SP), que propõe uma redução direta da jornada semanal de 44 para 36 horas, sem transição.
Fonte: Reprodução/ Getty Images